Faz alguns minutos que assisti Biutiful, filme dirigido pelo excelente Alejandro González Iñárritu (Amores perros, 21 Gramas, Babel) e estrelado pelo ganhador do óscar Javier Bardem (Onde os Fracos Não Têm Vez, Vicky Cristina Barcelona) e ainda sinto um gosto estranha na boca do estomago.
Esse filme marca o final e uma das melhores parcerias do cinema moderno, apos os brilhantes Amores perros, 21 Gramas e Babel, todos dirigidos por Iñárritu e escritos pelo brilhante roteirista Guillermo Arriaga que não participa deste Biutiful e pra quem conhece o trabalho dos dois vai notar a diferença principalmente na estrutura da historia saem as tramas paralelas que parecem sem conexão e que de forma sempre surpreendente se conectam, marca registrada da dupla, e entra uma historia linear, caótica e direta, caos é a palavra certa pra definir a Espanha retratada e Biutiful, um lugar onde tudo é sujo todas as paredes foram pixadas, onde pessoas gritam e se exploram mutuamente tentando arrancar o que for possível do outro e mesmo a policia que devia proteger o mais fraco e zelar pelo bem estar de todos é facilmente comprada e facilmente trai os que dependiam dela.
É nesse mundo que somos apresentado a Uxbal (Javier Bardem) na primeira parte do filme apresentado como um filho perfeito do caos a sua volta, sem pudor ele explora emigrantes africanos pra que vendam mercadorias piratas das ruas de Barcelona enquanto tenta criar os dois jovens filhos. Mas o mundo de Uxbal desaba quando ele descobre que sofre de câncer de próstata e que lhe restam poucos meses de vida.
Um roteiro denso que nos deixa com poucos momentos pra respirar, quando as coisas parecem que vão bem algo desastroso ocorre e logo o coração do espectador volta a pulsar a mil.
Gravado com câmera na mão que nos dá sempre a sensação de estarmos dentro do filme, um momento em que isso fica evidente é quando Uxbal tenta desvencilhar o filho dos braços da mãe e a câmera gira sobre seu eixo e mostra a filha desesperada pra então retornar pra cena, foi como se olhássemos em volta.
O começo e o fim se ligam como se a morte não fosse o fim mas uma transição, e nisso o filme é perfeito, principalmente quando Uxbal esta no gelo com figura misteriosa (não direi quem é pra não estragar a surpresa e o filme também não diz você deve ficar atento e essa é uma das melhores surpresas do filme). Um dos poucos pontos negativos que merece ser destacado é a falta de profundidade dos personagens secundários algo que não ocorria nos roteiros de Arriaga.
Mas nada que diminua o brilho e a intensidade de Biutiful que sem duvida é um dos melhores filmes dos últimos anos com a brilhante atuação de Javier Bardem que lhe rendeu a Palma de ouro em Cannes merece ser visto.
NOTAS:
ROTEIRO - 8.5
ATUAÇÕES - 9.0
DIREÇÃO - 9.0
NOTA FINAL - 8.8
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